Origem, Preservação e Confiabilidade dos Evangelhos
Existem boas razões para que possamos ficar absolutamente tranquilos com relação a origem, preservação dos textos sagrados e consequentemente com relação a confiabilidade dos Evangelhos e outros textos do Novo Testamento. Também não devemos dar ouvidos aos críticos que colocam muita coisa dentro de um contexto de dúvida, de incerteza, de contradição. Ao inverso disso os evangelhos estão muito bem preservados, existem milhares de cópias que dão prova da sua preservação. Alguns dos críticos famosos da atualidade não cansam de mencionar que não existem duas cópias exatamente idênticas ou sem erros, é verdade segundo os estudiosos, mas não vemos esses críticos informando que a maior parte dessas divergências são alterações sem importância e que em nada comprometem o entendimento. Muitas cópias eram feitas em mosteiros, por religiosos que em grupos iam escrevendo aquilo que ia sendo ditado em condições muitas vezes precárias, onde o cansaço devia ser muito grande, poucas horas de sono, um trabalho exaustivo e prolongado onde os erros eram comuns e totalmente compreensíveis. Teorias de conspiração, de mudança nas escrituras, e outras acusações são facilmente combatidas com um estudo um pouco mais aprofundado e sério. Mas, um assunto sempre me chamou muito a atenção: Como foram redigidos os textos sagrados? Em especial os Evangelhos. Tenho procurado fazer todo tipo de pesquisa a esse respeito. Não entendo porque o assunto é pouco mencionado, pouco estudado, pouco discutido. Quando isso ocorre é sempre feito desprezando informações importantes. Não há como não perceber que as discussões, as reflexões, os estudos são em grande parte tendenciosos. Mas porquê? Qual interesse em não aprofundar o assunto, sejam nós católicos, sejam protestantes, porquê? Porque já ouvi diversas vezes dizerem que na verdade os evangelhos foram escritos pela comunidade de um ou de outro. Oras bolas! Desde quando uma comunidade poderia escrever alguma coisa? Uma comunidade que na sua grande maioria era composta por iletrados. Não vejo o menor sentido nessa afirmação, aliás isso não é bem afirmado, é comentado de maneira tímida. Parece que quem diz tem tanta convicção que trata-se de algo sem nenhuma sustentação que tem até vergonha de dizer, mas dizem. Creio que faz parte de uma Teologia que claramente esta em declínio. Outra coisa que muito me incomoda é sempre ficarmos colocando em dúvida a autoria dos Evangelhos. Quando lemos as nossas Bíblias esta escrito no seu título, por exemplo: "Evangelho Segundo São Mateus". Me parece lógico que de maneira clara não quer dizer que Matheus de próprio punho escreveu tudo que esta nele presente, mas é claro que estabelece que as idéias ali contidas, independente das fontes disponíveis, seja uma fonte oral, seja uma fonte escrita, ali contém o ponto de vista de Matheus a cerca das idéias, da mensagem e de tudo que foi procurado nos passar a respeito de Cristo e da Boa Nova que é o próprio Evangelho em si. Ou seja, o autor intelectual é Matheus, apenas isso. O texto em si foi posteriormente trabalhado por outra pessoa? Melhor organizado? Melhor escrito? Me parece algo lógico. Principalmente com respeito aos discípulos ou a todos aqueles que de maneira imediata o acompanharam em sua passagem, seu ministério. Isso serve é claro para todos os outros. No caso de São Lucas já ocorreu de um estudioso famoso que agora me falta o nome ir atrás de verificar todas as informações contidas no Evangelho de São Lucas e qual foi a sua descoberta. Do ponto de vista histórico as informações contidas no Evangelho de Lucas são precisas, os cargos mencionados, Ele era um extraordinário historiador, além é claro de muitos outros atributos. Só para se ter uma ideia o mesmo cargo ou função tinha denominações diversas em diferentes cidades, Lucas menciona sem cometer nenhum equivoco. Ele sabia exatamente o que estava escrevendo e o fez de maneira brilhante. Outra coisa que também não consigo entender é porque as informações passadas através de Irineu de Lion e Eusébio de Cesaréia a respeito do que escreveu Papias não são muito difundidas. Irineu menciona que em seu livro sobre as Heresias que Papias escreveu: O presbítero também dizia o seguinte: 'Marcos, intérprete de Pedro, fielmente escreveu - embora de forma desordenada - tudo o que recordava sobre as palavras e atos do Senhor. De fato, ele não tinha escutado o Senhor, nem o seguido. Mas, como já dissemos, mais tarde seguiu a Pedro, que o instruía conforme o necessário, mas não compondo um relato ordenado das sentenças do Senhor. Portanto, Marcos em momento algum errou ao escrever as coisas conforme recordava. Sua preocupação era apenas uma: não omitir nada do que havia ouvido, nem falsificar o que transmitia'". Já a respeito de Matheus ele também escreveu: "Mateus reuniu, de forma ordenada, na língua hebraica, as sentenças [de Jesus] e cada um as interpretava conforme sua capacidade". Quero eu pensar que essas informações sejam muito importantes e jogam por terra um monte de bobagens que ficam mencionando por ai. Mas você deve estar se perguntando: Que importância tem este Papias? Quem ele era? A resposta é simples: Pápias escreve, por volta do ano 130, ele foi companheiro de Policarpo, provavelmente, ou segundo ele, discípulo de João, uma obra em cinco volumes, intitulada: Explicações das sentenças do Senhor (Logion Kuriakou Ecsegéseis). Baseado, principalmente, na tradição oral dos discípulos e apóstolos, Pápias (Bispo de Hierápolis) apresenta uma coleção de ditos, sentenças e feitos de Jesus e de seus discípulos. Infelizmente essas obras se perderam, deveriam trazer informações muito valiosas e poderíamos responder muitas perguntas. Mas o que podemos trazer de significativo do que Papias escreveu:
- Os discursos de São Pedro são uma fonte mais do que confiável que a obra de São Marcos bebeu, ou não?
- Marcos escreveu tudo que recordou das Palavras de Pedro, mesmo que de maneira desordenada.
- O Presbítero pontua que Marcos tinha a preocupação de ser o mais fiel possível, não omitir ou falsificar nada que tinha ouvido.
- Existiram o que nós poderíamos chamar de "ditos", "sentenças" ou "oráculos" do Nosso Senhor. Com certeza essa relação de "ditos" foram uma fonte importante na composição dos Evangelhos, tanto no que diz respeito a Marcos, Mateus ou mesmo Lucas pode ter também recorrido a essas fontes.
- Mateus, em língua hebraica e de maneira ordenada também reuniu aquilo que podemos chamar as tais "Sentenças do Senhor".
- Temos sim preciosas informações a respeito de origem, preservação de informações e confiabilidade das informações contidas nos Evangelhos.
- Tradição oral - É claro que boa parte das informações contidas nos Evangelhos são de uma tradição oral. Existia um grupo grande de pessoas que repassaram aos demais tudo que sabia a respeito de Jesus.
- Podemos sim confiar na autoria dos Evangelhos. Se fosse uma mentira a atribuição da autoria muito provavelmente os autores dos Evangelhos seriam confiadas a outros personagens por razões lógicas. Teríamos provavelmente outros autores. Marcos e Lucas não foram apóstolos, muito provavelmente não conheceram Jesus. Marcos foi um seguidor de Pedro, um secretário ou intérprete do mesmo. Já Lucas foi um médico de origem grega e afirmam que deve ter sido companheiro e amigo de Paulo. Mateus por sua vez pela origem do seu trabalho não era dos mais populares por assim dizer. Creio que talvez o Evangelho que podemos ter menos certeza quanto a sua autoria seja o de João. Mas prefiro estudar mais a respeito antes de fazer qualquer afirmação leviana.
- Fonte "Q" - Gostaria muito de saber o que é a tal fonte "Q". Parece algo sobrenatural e absolutamente importante. Os alemães que inventaram tal hipótese que me desculpem. Uma grande besteira que não esclarece nada sobre coisa nenhuma.
Não sei até que ponto eu trouxe informações importantes para os Srs.(Sras). O que eu acho importante ou melhor, o que tenho certeza e que é importante é dizer a verdade, mostrá-la, espalhar a verdade. Porque ter medo da verdade? Mais uma vez eu pergunto: A quem você esta servindo? Se você já sabe tudo isso, porque não revela para outras pessoas?
abr.